domingo, 27 de fevereiro de 2011

Caros amigos

A conversa era sobre tratamentos alternativos, destes que sempre estão em pauta por aqui. Falávamos de florais, acupuntura, homeopatia, massagens, chás e sobre o bem-estar que cada um deles propociona. Minha amiga citou exemplos e concluiu que, sim, cada um dos tratamentos que já fez deixou resultados positivos. Minha concordância não foi sem causa. Lanço mão do que posso para ficar bem e para encontrar um pouco mais de equilíbrio na vida. As opções vão desde meditação aos chás de cada dia. Mas,naquele momento, a minha atenção voltou-se para algo que também faz um bem danado pra gente: boas amizades. Não disse nada, porque, de repente, estava tão imbuida de um sentimento de paz, reconhecimento e afeto que tinha medo de falar e a mágica se desfazer. Falo agora.

Amigos são possibilidades de momentos diferentes. Cada um traz uma resposta, uma questão, um olhar que revela quem somos, para onde seguimos, como e com quem. Alguns são companhia para rir. Outros, para ouvir. Há aqueles que falam. Tem amigo que dá conselho e amigo que não quer saber de problemas. Com estes, a gente se diverte. Com aqueles, a gente se compromete. E não tem nada melhor do que poder comprometer-se com a certeza da discrição, compreensão e afeto.

Para mim, amigos são por muito tempo, como aqueles produtos que se compra e, com satisfação, lê-se no rótulo: Prazo de validade indeterminado. É quando se pode ter calma para consumir. Amigos verdadeiros também são assim. A gente pode deixar de ver, não ligar, mas quando a vontade diz que é hora, pode-se ir sabendo que o carinho não passou do ponto.

Ter bons amigos é um santo remédio para o tédio, para a solidão, para o medo de seguir, para os dilemas existenciais e para muito mais. Eu tenho grandes amigos e, ainda que fique um tempo longe de uns e outros, eu sempre volto. Só porque eu não dispenso o valioso da minha vida. E, caros amigos, vocês são mais do que isso, são quase imprescindíveis.

Então, esta postagem fica sendo assim, como uma declaração de amor para cada um de vocês.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Boas agulhadas

Uma lombalgia me levou de volta às agulhas. Depois de duas sessões de acupuntura, estava me perguntando: "Por que fiquei dois anos sem este tratamento?" Será que sou só eu ou todo mundo tem a mania de deixar tratamentos preventivos para depois? E eu tenho mais: desenvolvi o hábito de priorizar o trabalho e os outros. Assim, fica fácil achar que três horas por semana dedicadas a mim mesma são um desperdício de tempo.

Mas, hoje, já na terceira sessão, constato mudanças que me incentivam a continuar. Não tenho mais dores lombares, durmo melhor, estou mais relaxada e com grande disposição. Então, a promessa deste ano é aguentar as agulhadas para manter "a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo." Eu acho que consigo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tempo pra que te quero

Hoje vou falar sério: um dia vale muito. Em alguns momentos, isso fica tão evidente que me impressiona a minha capacidade de, às vezes, desperdiçar o meu tempo. E que fique claro: descansar, cozinhar para a família e para o amigos, parar de trabalhar mais cedo e ir ao cinema, passar um dia inteiro lendo, matar aula e ir para a cachoeira (estes últimos cito em homenagem à Maria T.) nada disso é desperdício. O que considero desperdício são os minutos que gasto me preocupando, são as horas em que fico triste, porque, no fundo, nada disso é produtivo, não resolve, é desperdício puro e simples.

Escrever demais também é. Agora eu quero o tempo para descansar. Ponto e até...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Posso ou não posso?

Posso muitas coisas. Mulher independente, consciente, com grande senso de responsabilidade com o que vivo e faço, um tanto de afeto pelas pessoas que passam por mim e até pelas que não passam, com muita vontade de fazer a coisa certa e a grande ilusão de que isso está certo, posso muito. Posso trabalhar, posso me manter, posso escolher o pão de cada dia, posso me divertir, posso ligar ou não ligar, posso mudar de ideia, posso correr, posso seguir lenta, posso isso, posso aquilo.

Mas, hoje, a sintonia foi o que eu não posso. Pensei nisso e a lista desenrolou-se enorme... E olha que eu desconsiderei os não-consigo, como, por exemplo, filosofar em alemão ou tocar violão.

Começa assim o meu esboço do que não posso: não posso desistir do que me toca, não posso ficar alheia aos fatos, não posso virar as costas se alguém me importa, não posso mudar as pessoas, não posso decidir pelos outros, não posso me impor, não posso alterar a história, não posso exagerar no sal e no açúcar, não posso me afastar das pessoas que mais importam na minha vida, não posso dormir sem escovar os dentes, não posso ignorar minha saúde, não posso me isolar do mundo, não posso matar o tempo.

Mas, agora, me ocorre uma pergunta: Será que, com amor, eu tudo posso?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ira solta

Há momentos em que eu vejo claramente o que devo fazer para não perder o humor, o dia e a calma. Mas isso só acontece quando não sou eu no palco. Quando entro em cena, nem sempre dá para segurar a simpatia e a classe. Desce-lhe o chicote, ira! E depois arrepende.

O que é que a gente faz com profissionais mal-treinados e arrogantes? O que é que a gente faz quando alguém nitidamente te culpa pela infelicidade que é dele? O que é que se diz para aquele que desdenha de todo nosso esforço? Para onde a gente manda aquele que buzina nem bem abriu o sinal ou aquele que rouba a vaga? Não adianta essa história de contar até dez. Nunca vi funcionar. Não adiantar respirar fundo, só dá fôlego para falar mais alto.

Hoje, eu aproveito que estou calma e investigo a questão. Acho que respirar fundo e sair com elegância é algo que começa antes de se entrar em cena. A atitude deve ser anterior ao primeiro ato.

Minha receita começa por tomar floral (Impatiens para todos, please!). Há também que se rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria quando for à Tok&Stok, ao Carrefour ou à Secretaria da Receita Federal (esta lista varia de pessoa para pessoa). Pode-se fazer simpatia, levar um saquinho de sal grosso na bolsa e uma oração de São Jorge. Adianta pedir ao anjo da guarda um pouco mais de calma. Mas bom, bom mesmo, é sair de cena rápido. Porque, quando a situação complica, é elegante não esticar o barraco. Sem mais palavras.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mais velha

A moça mal chegou aos trinta, sente-se velha e, no meio da conversa, escapa a irritação com o tempo que passa rápido. É sempre assim.

Então, que papo é esse de que ficar mais velho pode ser uma dádiva? É apenas papo de quem ainda se recupera do susto diante do espelho? Não. Envelhecer pode ser diferente. Acredito na beleza das idades e do vivido. Mas para sabê-lo, é preciso ter saído da casa dos 20, 30 e, em alguns casos, até dos 40. Tem também gente que talvez não vá saber nunca.

Falo com algum conhecimento de causa. Acabei de completar 46 anos. Quando tinha 20, achava que 46 era a beira do precipício da velhice. Não é assim que me sinto agora. Sinto-me algumas coisas mais. Mais próxima de quem sou realmente, mais amorosa com o mundo, mais tolerante, mais intolerante outras horas, mais realista com meus compromissos e realizações, mais calma, mais frágil e também mais dura quando é necessário, mais corajosa e mais medrosa, porque aprendi que o medo tem importância salvadora...

Sinto-me, sobretudo, mais sábia. Agora eu reconheço que o que sei é quase nada. Não sei o sentido da vida, nem como funciona o raio laser, não sei expirar culpas nem se há vida após a morte, não sei como a semente brota nem porque a célula tem memória, não sei qual a solução para a fome nem como se dá poder a tantos imbecis. Não sei e é tão libertador não ter que saber! Isso é fruto da idade. A gente começa a desperdir-se e o primeiro da fila é a pretensão de que sabe muito, depois vem a pretensão de que se é insubstituível. A gente é mais do que isso. Muito mais.

Então, posso concluir que estou mais na vida do que antes. E devo dizer que tenho mais rugas e estou mais flácida. E daí? Se a gravidade leva a vaidade abaixo, a cabeça e o coração dão um up.

Falo a verdade ou não? Vai viver pra saber...