quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Simplesmente ridículo

Estava na lista sugestiva de coisas que eu poderia fazer para viver mais desencanada: "Assumir o seu lado ridículo". Gostei. Depois de ler os exemplos, a conclusão foi inevitável: sei muito bem como ser ridícula. Que bom! Isso me lembrou de um texto de Clarice Lispector, que relaciona as vantagens de ser bobo (veja aqui) e que é bastante inspirador. Então, movida pelo desejo de simplificar a vida, resolvi que, neste final de ano, não vou fazer listas para guardar na gaveta, pois estas só servem para revelar minha incompetência todas as vezes em que abro e vejo que não cumprir nem 10% dos itens. Não, este ano, vou cair no ridículo e dar uma de boba. Não vou relacionar o que quero, vou viver cada momento como uma conquista. Serei ridicularmente Poliana, aquela capaz de ficar feliz até nos piores momentos. Porque, no final das contas, é assim mesmo que eu sou.

Posso pensar em mil e uma maneiras de continuar nesse caminho, como: cantar no chuveiro, chorar copiosamente assistindo a um filme, não entender comentários maldosos, dar boas gargalhadas de uma piada, acreditar no meu horóscopo... Ah, eu poderia descobrir muitos jeitos e deixar aqui como inspiração, mas, este ano, não farei lista, porque soaria como mais um compromisso e isso seria o pior dos ridículos.

(Pausa...)

Tudo bem, confesso, existe uma lista mental e que começa assim: serei mais feliz. Com isso, todos os outros itens passam a integrar a lista do coração. Ah, como isso é deliciosamente ridículo!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Recomeçando

Aos poucos, como quem chega apenas pra dar um recado, vou voltar. Aos poucos, como quem recebe um chamado, vou recomeçar. Foram quase três meses e foi como uma viagem. Estive em outros sítios, escrevi outras palavras, cuidei do lado de dentro e do meu ofício, fundamental para o meu ser.

Mas antes que o final do ano me atropele com sua urgência de faxinas, despedidas, confraternizações e festas, faço uma pausa para mostrar o que trouxe na bagagem. Fico acanhada, porque trago apenas algumas lembranças. Depois, o acanhamento passa. Afinal, não convém mesmo carregar muito peso na bagagem. Saibamos andar leves.

Pois é assim que eu venho: leve. E venho mais feliz. Depois de um ano inteiro meditando, buscando alternativas e caminhos, depois de colocar muita fé na vida e em mim, é uma aleluia dizer que eu consegui. Estou muito próxima do que eu quero, e o que quero é ser o que sou.

Esta é a primeira lembrança que compartilho. É um incômodo descobrir-se como um personagem mal construído de um romance chato. Aconteceu comigo e pode acontecer com você. Se acontecer, saiba que, um dia, virá a alegria de virar algumas páginas e ver que o personagem tem uma alma nobre, que o enredo não está pronto e acabado, virá a alegria de saber que podemos mudar nossa história e que ela pode nos surpreender positivamente.

Muitas vezes, eu me perguntei como mudar e fiz esforços na busca de algo diferente. Confesso que vi poucos resultados práticos. Então eu desistia de tentar. Desta vez, foi como desistir do fórceps, foi como descobrir que é perigoso trazer o novo à força. Simplesmente parei. Parei de ser meus rótulos, parei para ver o que ia dar. Vi e gostei.

Antes, eu ia no embalo do momento ou no ritmo das expectativas. Agora, posso até seguir tropeçando, mas tropeço nas minhas afirmações. Algumas pessoas podem até não gostar, eu consigo lidar melhor com isso. Deve ser porque, no fundo, sei que estou melhor para o mundo. Esta foi a minha melhor lembrança: mudar pode ser desistir.

E, assim, olha eu aqui, recomeçando!

Tenho outras lembranças para dividir, mas não vamos nos apressar. Venho como quem traz um recado rápido: vim para ficar.