sábado, 7 de janeiro de 2012

O pão nosso de cada dia

Sábado prometendo chuva. Cadê a vontade de sair de casa? Melhor ir pra cozinha fazer um pão. Mãos na massa, alguma paciência para aguardar a fermentação, o momento certo de modelar e de levá-lo ao forno quente. Em pouco tempo, o cheiro tomou conta da casa e pude contemplar minha obra. Melhor ainda, pude saboreá-la em fatias generosas sobre as quais fiz deslizar boa quantidade de manteiga.

É claro que o ritual deste dia envolveu muito mais do que isso. Ninguém decide fazer um pão como decide fritar um ovo. Não, fazer pão é culinária levada à categoria de jornada. Antes de aventurar-se é preciso saber que serão necessárias quase três horas de preparo. Mas é aí que a gente considera o esforço e se lembra que duas delas serão dedicadas aos estágios de fermentação. Neles, a massa responderá lentamente ao esforço, só exigindo o cuidado de um canto morno.

O mais interessante é que por as mãos na massa é quase como lidar com mágica. Tem-se a farinha, os ovos, o leite, o fermento, às vezes, o luxo de algumas castanhas ou passas, mas os ingredientes sozinhos não significam nada. Eles aguardam o talento da mistura, o passe que leva adiante. Isto é com a gente. E o bom é amassar, amassar, quase perder o fôlego e ir constatando a transformação. Os ingredientes secos e molhados, juntos com nossa vontade, transformam-se em massa elástica. Eis a conquista.

Mas não é só isso. Fazer pão oferece boas analogias com nossas escolhas na vida. O processo evidencia o que a gente sabe, mas não dá muita importância. Não precisa se esforçar e amassar mais do que o necessário, o pão necessita, sobretudo, de tempo. Quem não sabe disso, esforça-se inutilmente. Ingredientes e ideias precisam de pausa para crescer. Aí, a paciência é virtude.

Fazer pão é também reconhecer que nem tudo depende das mãos que amassam. Tantos outros fatores contam... Não é o meu desejo que assa, é o calor do forno. Não é a minha vontade que faz crescer, é o fermento escolhido. No ritual, percebo que comunhão tem muito a ver com realização.

Esqueça as preocupações se pretende fazer um bom pão. Tal qual no dia a dia, é mais gostoso quando a gente se diverte. Saiba alguma receita, mas ouse, misture novos ingredientes. Você gosta de quê? Pegue isso e acrescente. Invente. Misture gengibre ou, quem sabe, um pouco de chocolate. Se der errado, é só tentar de novo. Um dia, pra felicidade da gente, a mágica acontece.

Dito isso, fica a proposta: faça um pão e descubra um jeito muito gostoso de ser zen.
A receita do pão, você encontra aqui.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um gole otimista

Quem está pensando no fim do mundo? Quem se preocupa com as previsões de catástrofes iminentes? Ser zen não tem nada a ver com isso. Por que colocar o foco no futuro, se tudo o que se tem é o agora? Ah, vamos viver a vida! Dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. Agora: o que conta é isso.

O que você está fazendo pelo seu momento? E por que se preocupar com o fim do mundo, se o fim pode estar na próxima esquina? Ser tudo o que se é em cada atitude e a todo momento é a chave do otimismo. É possível a gente se preocupar menos e ser mais. Claro que é.

E quando o cenário ficar obscuro, é bom fazer como manda Duzek: "Levanta, me serve um café"! O cotidiano liberta a alma. Vai um gole aí?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Eu quero é chá

A receita não tem nada de nova. Vem de longe e todo mundo sabe que um bom chá é a escolha certa para combater dores, mal-estar, insônia, indigestão e até mau-olhado. Eu também sei. Mas será que dá mesmo para acreditar? Só provando.

Ontem mesmo acordei com uma ligeira indigestão e a primeira coisa que fiz foi esquentar um litro d'água e fazer chá de camomila para tomar o dia inteiro. Depois dos primeiros goles, pensei: Se o chá não cura, pelo menos consola. E é isso mesmo. O líquido desce morno pela garganta, aquece, relaxa, exala um aroma bom e o melhor é a sensação gratificante de estar cuidando de mim. É como o prazer de uma comida boa e gostosa. É prazer ao quadrado. Manga, goiaba, uva, kiwi, banana, abacaxi... Pensando bem, vamos elevar o prazer a outra potência, porque a beleza também conta.

Chá é manso, é devagar, é pra quem tem tempo. Ao contrário de outros remédios e tratamentos. Há alguns meses, por exemplo, fiz um tratamento – por conta própria – que previa tomar suco de limão em jejum por 19 dias e a quantidade aumentava dia a dia, até chegar a 10 limões. Depois, decrescia. Como sou disciplinada, cumpri à risca. Deveria dizer obstinada, porque não gostei, mas continuei. O resultado foi um princípio de gastrite. Quanto a isso, há controversias. Uma amiga me disse que o mal-estar não tem nada a ver com a quantidade de limões ingeridos. A médica disse que sim. Pelo sim, pelo não, não engulo mais uma dessas. Eu quero é chá. E, se tiver que apelar, tomo logo umas drágeas!