quarta-feira, 27 de agosto de 2014

E o bolo não cresceu

Existem receitas que a gente sabe de cor. Mesmo assim, sempre olha a lista de ingredientes e algum detalhe do preparo antes de colocar as mãos na massa. Só pra ter certeza de que o bolo vai ficar fofinho,  de que a feijoada vai cozinhar por igual, a carne vai sair do forno no ponto e outras relevâncias culinárias do tipo.

Mas, um dia, a pressa fala mais alto, a preguiça conta mais, a convicção do saber dá segurança, a alegria de fazer diz que basta e, então, dá tudo errado.

Olha, a expressão "na melhor das intenções" devia valer alguma coisa para as catástrofes de forno e fogão – pra não dizer também da vida. Mas não vale nada.

Foi na melhor das intenções que fiz a geleia para rechear o bolo. Foi na melhor das intenções que deixei o chantily gelar bastante. Foi na melhor das intenções que deixei os ovos na temperatura ambiente para o creme ficar perfeito. Estava tudo certo, estava tudo sob controle, mas eu estava no embalo de tantos afazeres, que me esqueci de colocar o fermento.

O bolo foi para o lixo, o tempo foi perdido, os ingredientes usados foram um desperdício. 

Se tem uma coisa que não tem graça é dizer para quem espera uma bela obra: o bolo não cresceu.

Ainda bem que já lavei a batedeira e guardei o chantily e o recheio. Estou a meio caminho do bolo perfeito, que farei amanhã. É sempre assim, nem tudo está perdido.

E a vida tanto disso...