sábado, 21 de junho de 2014

Magia na cozinha

Uma mágica se processa e o líquido viscoso torna-se leve, branco e fofo. É impossível não deixar o encantamento de menina fazer parte do momento. Certas coisas ficam mesmo nas retinas. Nas de Drumond ficou a pedra no meio do caminho. Nas minhas, ficaram as claras em neve. Estaria mentindo se dissesse que me lembro da primeira vez que assisti à transformando. Mas posso assegurar que, encantada como sempre fui pelo belo, simples e mágico da vida, reforçou-se ali o meu desejo de fazer mais mágica na cozinha.

Cozinhar tem esse apelo, é transformação pura e magia. Farinha, ovos, manteiga, um pouco de leite, fermento e açúcar viram bolos apetitosos; o grão duro vira arroz branquinho; o leite vira creme e, omais bonito, alimenta a gente. Esta talvez seja a beleza maior de ir para a cozinha.

Ontem, fiz risoto*. A cremosidade do arroz arborio, somada à textura macia dos cogumelos e ao tempero no ponto transformou meros grãos em boa lembrança. Outra mágica: a gente esquece o cansaço, o embaraço, o engasgo e fica torcendo para a vida vir sempre assim, em boas colheradas, em sabor.

Sabor para mim é prazer. E para você?

(*) Depois eu dou a receita e conto como aprendi com um chef e músico talentoso a fazer um risoto no ponto.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Gnhocci na rotina

Fazer gnocchi é difícil. Tive certeza disso, quando tentei acertar uma receita que alguém começou e que ficou mole, grudenta, incorrigível. Comer gnhocci em restaurantes medianos só reforçou a minha crença. Conclui que, definitivamente, fazer gnocchi não era para amadores.

Um dia, vi uma receita que me pareceu simples. Então, juntei os ingredientes e fiz gnocchi. Mais do que isso, fiz sucesso.

O Segredo
O segredo é que, para fazer gnocchi, tem que usar batata asterix (600g), tem que cozinhar até poder espetar o garfo com facilidade e, mais importante, tem que assar a batata em seguida. Assim, ela fica sequinha como deve ser.

Depois, é só juntar um pouco de farinha de trigo (150g), uma gema, um pouquinho de sal, um bom punhado de queijo ralado e a quantidade exata de noz moscada, que é só uma pitada, para não exagerar no perfume.

Para enrolar, disponha numa superfície polvilhada com farinha de trigo. Depois, é só divertimento: pegar uma quantidade de massa, deslizar na superfície, formar um rolinho, cortar em quadradinhos e ir juntando sempre polvilhados. No final, basta colocar água para esquentar bem – sem ferver –, jogar os pedacinhos lá dentro com jeito, esperar calmamente e – alegria, alegria! – vê-los subirem devagar. Quem nunca os viu se desmanchando no fundo da panela não vai entender a satisfação que é vê-los boiando brilhantes, lisos, perfeitos.
Servindo de inspiração
Noz moscada é como novidade, tem que ter uma boa pitada, mas sábio mesmo é valorizar a base da receita, a batata de todo dia, que é a rotina da gente.