terça-feira, 31 de agosto de 2010

O que dizem os astros?

Dia de expectativa. Espero uma resposta que não vem. Pela experiência, sei que o silêncio é bom indício. Mas, ainda assim, resta a dúvida: “Será que chegou a hora de não dar certo?” Afinal, esse dia sempre chega. Fazer o quê? Lembrei-me do horóscopo. “O que será que os astros têm a me dizer?" E lá fui eu atrás da resposta. Aliás, de várias. Para deixar bem claro o desígnio dos astros, pesquisei em muitos sites. Somando tudo, cheguei a uma conclusão que compartilho com vocês agora: é melhor não sair de casa.


SOCIAL
- Hoje você está mais fechado do que nunca preferindo estar quietinho em sua casa.
- Evite expor demais a sua intimidade.
- Não julgue o seu próximo.
Para não julgar e não me expor, é melhor mesmo ficar em casa.

ROTINA
- Suas atitudes terão a marca da objetividade.
- Viva de uma forma sábia.
- A determinação deve ser o elemento a guiá-lo.
Para agir com objetividade, ser sábia e ter determinação, é preciso maturidade e disposição, mas estamos em falta. Melhor ficar em casa.

EMOÇÕES
- Suas emoções e sensibilidade estão mais afloradas.
- Tendência para a depressão e o pessimismo.
- Evite se comportar como uma criança carente.
Em dias de sensibilidade aflorada, tudo pode acontecer, incluindo depressão e carência. É melhor não sair da cama.

AMOR
- Amor em fase de espera.
- É provável que venha a descobrir algo que o faça terminar uma relação amorosa.
- Não discuta por tudo, controle-se.
Não estou em fase de espera, não sou de discutir. Então, em vez de conversa, é melhor ir para a cama.

Será que, independente do dia, a gente sai de casa depois de ouvir os astros? Concluo: Saia. A vida faz-se por si mesma.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um dia daqueles

Qualquer um tem. Eu também. E foi hoje, segunda-feira, dia 16 de agosto, o meu "dia daqueles". Daqueles que a gente quer esquecer, daqueles a respeito dos quais não é bom falar, daqueles que a gente gostaria que virassem fumaça, algo insignificante, pequenino, um nada.

Falando assim, percebo o ridículo da situação. A vida em si já é tão fumaça que passa, já tem tanto sem-graça. Por que tratar de irrelevâncias?

Fecho os olhos e respiro. Então, uma risada brota no fundo do meu peito. Acho estranho o som cristalino. Fico sem graça como quem ri na igreja. Tão séria e, agora, explodindo em risada?... E passou! Não há choro nem vela. Estou leve agora.

A propósito, gosto de uma frase de Clarice Lispector, que convida a confiar: "faz de conta que estou deitada na palma transparente da mão de Deus". É bom o conforto dessa imagem.

Agora, vou tomar chá de alecrim e assistir a um filme na TV, com direito a cafuné e meia de lã esquentando os pés. É assim que eu sou zen-humorada num dia daqueles.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Para florescer

O processo é longo. Precisa de um ano inteiro e muita dedicação. Há que se regar, adubar, buscar boa luminosidade e a ventilação ideal. “Vigiai o tempo todo!” – parece dizer a planta, após um descuido ou distanciamento. E lá se vai o viço. Então, porque a natureza não sabe de mágoas, basta um copo d’água para que ela recupere a boa forma. Tanto trabalho para quê? Para vê-la florescer.

Um dia, a gente acorda e tudo parece adormecido na mesmice. Nenhum broto, nem mesmo uma folha morta dando um tom diferente. Então, a promessa do verde se cumpre: há um broto. Inicia-se o acompanhamento expectante. Cada dia, uma olhada. Nada. Só resta dar tempo ao tempo, relaxar na espera, acreditar no curso da natureza. Tanta espera para quê? Para vê-la florescer.

E hoje, exatamente hoje, segunda-feira sem charme, ânimo ou esperança, ela deu o ar da graça. A minha orquídea já tem flor. Várias. Há um cacho de pequenas flores brancas com matizes de marrom, amarelo e rosa. Perfeita na forma, sutil nas cores, surpreendente no perfume. Olho e fico extasiada diante do extraordinário. Depois, reparo que outros cachos se revelam. Ela ficará cheia, plena de ser orquídea.

Nesta segunda-feira vazia, uma planta iluminou meu canto. Não há esforço ou esperança que não valha este espetáculo.

A orquídea me inspira. Penso em raízes fortes para me sustentar nos bons e nos maus momentos, penso em ter calma para realizar minha obra, penso sem seguir mais leve, levando apenas o essencial para o corpo e para a alma (o resto, são superficialidades que o vazio inventa), penso em cumprir as promessas da semente. Gostaria de ser como esta planta cujo destino se concretiza dia após dia, em silêncio, sem estardalhaço, sem porquês, apenas seguindo para florescer. Gostaria de enfeitar meu lugar no mundo. Quero florescer o belo que carrego.

Será que esse incômodo é um broto?