segunda-feira, 30 de maio de 2011

Espelho, espelho meu

O dramaturgo francês, Edmond Rostand, autor da peça Cyrano de Bergerac, escreveu à respeito do próprio envelhecimento: "Os espelhos não são mais os mesmos". Li isso e pensei nos meus espelhos. Acho que eles também não são mais os mesmos.

Considerando que espelho para mim é tudo aquilo que reflete minhas escolhas, minhas atitudes, o tempo que passa, os ideais e as conquistas, não me espanta que mudem. Espanta-me perceber o quanto mudam, espanta-me achá-los mais bonitos.

Meus amigos refletem a minha capacidade de cultivar, doar e andar junto. Isso é bonito. Meu trabalho reflete uma escolha certa e, com ela, o uso dos meus talentos. Bonito também. Minha família reflete amor, tolerância e os maiores sustos, porque só uma família – espelho de verdade – é capaz de mostrar pra gente os nossos maiores defeitos. E enxergar defeito é desafiador, porque é parte do acerto. Isso não é bonito? Tem outros espelhos interessantes, como os novos hábitos. Neles, vejo uma Iêda diferente, buscando acertar o caminho que leva à saúde, serenidade e paz. Um desses hábitos-espelho é a meditação. Outro, que me revela melhor, é a minha visão otimista do mundo, das pessoas, dos fatos.

Irremediavelmente portadora da síndrome de Polyanna, deve ser por isso que ando achando meus espelhos tão bonitos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Leveza

Agora, eu quero a leveza de ser. Por isso, posto algo que li hoje e que me inspirou bastante:

Esqueça essa história de querer entender tudo.
Em vez disso, VIVA.
Em vez disso, DIVIRTA-SE.
Não analise, CELEBRE!
(Osho)

Amar o inteiro

Olhei para o menino e vi felicidade. Não era um menino qualquer e não era a felicidade como a entendemos, feita de um momento, de uma conquista, de um presente muito bom ou de possibilidades futuras. Era felicidade duradoura. Perguntei pra mãe o que o fazia tão feliz e ela respondeu que seria mais fácil dizer o que o deixava triste, pois estar feliz era um estado quase permanente. Então, quis saber: o que o deixa triste? Discussões, brigas, desentendimentos. Segundo a mãe, o menino não suportava ver pessoas em discussões acaloradas. Tenho dúvidas se entendi a grandeza disso naquele momento, mas está claro agora.

Discutir é não saber ouvir, é deixar o amor calar para o ego falar alto. O menino se entristece com a falta de entendimento, com a incapacidade de colocar o amor em primeiro plano. Percebo pessoas que se amam colocando a necessidade de ter razão em primeiro plano, ao invés de simplesmente aceitar o outro em sua inteireza.

Porque amar o inteiro é enxergar além das falhas e defeitos. Amar o inteiro é entender que as pessoas sempre têm noção dos próprios desafios na evolução inevitável a que estamos sujeitos. Amar o inteiro é acreditar nas intenções de mudança, por mais que ela demore a se concretizar, porque algumas vezes o processo é longo mesmo. Amar o inteiro é confiar no potencial humano. Sim, é isto: amar o inteiro é exercício de confiança.

Dizem que devemos nos colocar no lugar do outro para que haja melhor entendimento. Não sei. Ando pensando que o entendimento acontece quando aceitamos que o lugar do outro é o lugar do outro e que o nosso lugar é o nosso lugar. Entre este e aquele, deve haver uma intercessão chamada compreensão.

No dia em que me despedi da mãe e do menino, vi uma relação de amor inteiro, amor recíproco, sem necessidade de palavras. O menino, com paralisia cerebral, não se comunica desta maneira. Ele sente e vibra com o mundo. Isso fortalece. Isso eu compreendo.