sábado, 13 de fevereiro de 2016

Escolhas de ser

Ondas elevam-se e, em seguida, arrebentam-se. Entre uma e outra, fica uma lacuna, um fragmento de segundo, em que o que há é o nada. Mas o tempo passa e outra onda sempre vem... E vai. Como, aliás, quase tudo na vida. Na transitoriedade dos momentos, o que há de perene é o espírito, são os sentimentos, é o conhecimento. O resto passa. E se quase tudo passa, neste sábado que parecia vazio de opções, escolhi o bonito e mais duradouro para mim. E o leque da felicidade se abriu em escolhas.

Primeiro, uma tarde de cochilo merecido, que não foi bem uma escolha, mas um imperativo do cansaço. Depois do sono, banho com muita espuma, roupa branca e perfumada, um canto ventilado e um livro. Assim, como só acontece quando se desacelera, o tempo passou a fluir. Aproveitar o tempo não tinha mais importância e eu fui chegando mansa de onde estava brava, lá, onde a vida me ocupou demais. Desocupei-me felizmente.

Fiquei feliz. Nesse sentimento, não tinha nada de euforia, de alegria, do entusiasmo de um encontro inesperado. Tinha a paz de ser e a opção de estar. Primeiro, fiquei quieta, observando, para não assustar a fera em repouso. Depois movi-me devagar...

Devagar e sem premeditar, fui até a gaveta dos bons guardados e, de lá, resgatei um chá exótico, um incenso suave, uma vela de mel, presentes de pessoas queridas. O meu canto ganhou vida e minha vida mais sentido. Ouvi mantras e senti a eternidade soar em mim.

Viver com o coração aberto é ter boa companhia. De um jeito ou de outro, algumas pessoas estiveram comigo e eu compartilhei minha felicidade com um mundo de gente. Sinta-se comigo também, porque estou em cada palavra.