terça-feira, 13 de agosto de 2013

Acabo voando

Um nova tribo foi descoberta na divisa do Mato Grosso e Amazonas. Vi a mulher andando no mato, vi o guerreiro e o arco. A vida ali parecia andar em ritmo lento. Ora, ora o caos civilizado não entra na mata.

Ninguém ali sabe do SUS, ninguém sabe dos 20 centavos, ninguém morre de pena vendo gente passar fome, ou filhos desaparecidos, ou a vítima do último crime, ninguém tem amigo de Facebook, ninguém sabe de Belo Monte, ninguém sabe da Copa, ninguém sabe de mim.

Eu, que em meio a uma mudança e à bagunça típica do momento, perdi a paciência, o humor e a compostura, sonhei com o sossego da mata. Por um instante, aspirei àquela liberdade. E pensei em pés no chão, corpos nus, ar puro, verde, frutos, ops... espinhos, mosquito, filhos para parir, preguiça, longo caminho, susto, lama, bicho e... Passou! O fio que me conduz exige tecnologia.

Mas fica a inspiração de que a vida pode ser diferente. Não quero ser índio, mas cabe outra estrofe:

"Se Deus quiser
Um dia acabo voando
Tão banal assim
Como um pardal
Meio de contrabando
Desviar do estilingue
Deixar que me xingue
E tomar banho de sol,

Banho de sol
Banho de sol..."