quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Vazio

Agora, escrevo com a convicção de quem decreta uma sentença: gostaria de ter menos crenças. Frase escrita, a intenção esbarra nas convenções, nos padrões, na moral e nos bons costumes. Os hábitos, então, levantam-se como barreiras intransponíveis. Esvaziar-me não é fácil. Eis aí outra crença. Noto que acredito demais. Mas não sou a única.

Fui a um aniversário no início do mês e recebi de lembrancinha um papel colorido e bonito com a delicadeza de uma frase que a aniversariante escreveu à mão. A mesa estava cheia delas, mas a minha foi essa:

"O maior dia da vida será aquele em que você não puder encontrar em si mesmo coisa alguma para jogar fora. O dia em que perceber que tudo já foi jogado fora e que existe somente puro vazio. Nesse vazio, você encontrará a si mesmo."
Osho

Andréa, não joguei fora o papelzinho que você me deu. Está aqui comigo e olho para ele, enquanto penso no que poderia jogar fora agora...

- Quero jogar fora a intolerância, o medo do futuro, a procrastinação.

Só isso é desapego para um ano inteiro. E o papelzinho eu levo comigo.



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Casa e cabelo

Quando minha amiga B usou a metáfora da casa para exemplificar o sentimento de desconforto típico de alguns momentos de mudança, a informação encaixou-se muito bem junto às minhas crenças. E ficou bem guardada até ontem, quando, numa conversa confidente com outra amiga querida, tirei a metáfora dos meus guardados e demonstrei, num misto de consolo, estímulo e afeto, que a casa – que era ela – estava em construção.

A metáfora é boa. Disse a minha amiga B que uma casa em construção pode ser confundida com uma casa em processo de demolição. Basta que se olhe superficialmente, de longe, sem se adentrar, sem perceber as diferenças em cada cômodo.

Quem tem o carinho de olhar de perto, verá que há uma grande diferença. Uma pessoa em processo de mudança, que está saindo da zona de conforto e se arriscando a ser maior, só pode ser confundida com uma pessoa destroçada e vencida por quem não tem o cuidado de se aproximar e reparar bem.

Mas isso não é o que mais importa. O meu foco é outro, é a casa. Digo, é a pessoa, o sujeito da evolução. Porque não são os outros que acordam e duvidam da obra, é quem se dispõe a mudar.  Porque, quando tudo começa a sair do lugar, há desconforto, tristeza, incerteza, dúvida e é preciso acreditar que tudo será passageiro. É preciso aguentar se ver mais feio, mais irritado, mais impaciente, mais calado, mais chato. É preciso acreditar que o processo fará enorme diferença, como ser mais feliz, mais seguro de si, mais qualquer coisa que se queira.

É muito simples e não é fácil. Por isso, persistir é o que diferencia os que avançam e terminam sua construção, e abrem as portas e janelas para quem quiser ver, e iluminam os cantos escuros, e jogam fora os entulhos, e ainda finalizam com o esmero de um corte de cabelo ou com o capricho de uma roupa nova.

A minha amiga pintou os cabelos. E eu vi uma bela casa.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Viver sem explicação

Continuo andando. Continuo investindo. Continuo acreditando. Continuo refletindo. Continuo amando. Continuo dividida: dentro e fora, feia e bonita, perfeita e imperfeita. Continuo inteiramente viva.

Não cheguei a nenhuma conclusão, não desvendei os segredos mais banais, não criei uma grande obra. Suspeito que o meu viver não seja conclusivo, não tenha segredos, não seja questão de uma obra pronta. Dia após dia, investigo uma possibilidade, a de que viver é estar a caminho.

Então, sigo. Só espero que o rumo seja, cada vez mais, do coração. Sem explicação.

E vai uma trilha inspiradora: Eu quero o amanhã!

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sábado, 17 de novembro de 2012

Aprender com amor

Crescer é processo doloroso. Aprender é difícil. Os caminhos da vida são tortuosos. Deus escreve certo por linhas tortas. Você também acreditou nisso? Vivo juntando informação daqui e dali para traçar o meu caminho rumo a algo maior, para colocar-me no mundo de uma maneira melhor, para ser mais o que eu for. Assim, o discernimento pode vir em gotas, nas palavras do credo, nas linhas que leio, no ar que respiro, na easy pose, no tom de um mantra bom. Aí, cada insight diferente confronta minhas crenças – como aquelas do início – e fico um pouco perdida, para depois achar o que combina mais comigo.

Aconteceu isso. Estava sentada ereta, pernas cruzadas, olhos focados na mulher à minha frente e, de vez em quando, nas pessoas que me rodeavam. Havia calma e vontade quase tangíveis. O ar respirado trazia essa sensação para dentro e enchia o peito. O corpo inteiro respondia com interesse e relaxamento. Depois, expirava gratidão. Assim, outro sentimento bom exalava-se pela sala. Estar ali era como uma benção e eu estava preparada para receber. Então, a voz soou clara como uma dádiva e a informação emitida integrou um novo arsenal de crença: "Aprender pode ser com amor."

Uma gota quando cai num lago projeta círculos que vão crescendo, expandindo-se, envolvendo o lago todo no movimento. Aquelas palavras cairam como gotas, expandiram-se, moveram resistências, encaixaram-se num canto do peito. Aí, entendi que eu já sabia, mas tinha me esquecido. Porque existir exige estratégias e fingir que não se sabe é uma delas. Talvez, em algum tempo, tenha sido um desrespeito saber. Percebi que a gente esquece para se proteger. A contradição é que o fingimento vira crença e crença é considerada verdade.

Mas nós temos escolha. Crescer pode ser processo doloroso, se houver resistência a se ser pleno. Aprender pode ser difícil, se a gente confundir informação com conhecimento. Os caminhos da vida podem ser tortuosos, se escolhermos seguir um rumo diferente do nosso querer. Só o que eu tenho a acrescentar é que o amor começa do lado de dentro e ilumina o lado de fora.

Fecho os olhos, ouço a minha respiração, sinto a generosidade no ar, sinto a vida e começo a enxergar outras verdades em mim. Ela me inspira. Mas cada um tem a sua. Acredite ou não acredite. Você pode. Vale lembrar que:

"Não violência também é respeitar seus próprios limites".

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um toque

Li, pensei, copiei.

“Existem apenas dois erros a serem cometidos em uma jornada: não ir até o final e não começar.” 
(Buda)
 
Vou indo...