segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sentimento em série

Afeto. Eu nunca tinha imaginado como uma palavra pode ser tão boa e tão ruim. Afetar é atingir, fingir, tocar, alcançar, influenciar... Atenção, senhoras e senhores, façam suas escolhas.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Comovente

Gestos são comoventes. Momentos também. Palavras – escritas ou faladas – comovem. Um minuto de silêncio vai além. Às vezes, lágrimas embaçam a visão de uma foto. É quando a imagem revela-se comovente.

Outro dia, eu vi a foto do casal abraçado em meio aos destroços de um prédio em Bangladesh. Não suportei a dor de olhar.

Depois, eu vi o pé de uma moça que se destacava no corpo coberto por um lençol branco. A fragilidade me comoveu.

Há momentos em que olho um braço largado sobre a mesa, ou costas encurvadas, olho mãos que param o movimento e pousam como borboletas cansadas ou joelhos, olho a perna desnuda ou uma orelha, quando a mão afasta o cabelo. Nesses momentos, fico constrangida como quem observa a intimidade de alguém pela fresta da porta. Mas o constrangimento passa, porque olhar o Ser sendo é comovente.

Então, eu descubro o que mais me comove. É gente.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Instante preciso

Precisão é necessidade. Precisão é assertividade. Escolho a segunda opção para falar da vida. Mais especificamente, para falar do instante em que a consciência capta a essência do viver.

Acontece quando menos se espera. Pode ser numa caminhada até a padaria, quando a mão direita encontra-se com a esquerda do companheiro e o conforto traz a certeza de que andar junto é bom. Instante preciso acontece quando há saudades e a gente liga e ouve uma exclamação de alegria do outro lado. Instante preciso é a alegria da vida compartilhada. Momentos de grande precisão existencial ocorrem em meio à multidão.

Outro dia, andando pelo centro da cidade, me vi atravessando a grande avenida com dezenas de pessoas e tive a certeza de que andávamos juntos. O nome dessa certeza é pertencimento. Pertenci mais à atualidade, dei vida ao conceito abstrato de humanidade, pertenci mais à cidade. Naquele instante preciso, eu me vi como personagem de uma cena que iria passar. Passamos. Tudo sempre passa. A tranquilidade do instante precioso é saber que a emoção salva a cena do esquecimento.

Todo instante preciso, quando passa, deixa marcas. Ultimamente, tenho ficado mais grata.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Desconfio

Desconfio que simplicidade é a melhor escolha. Desconfio que enfeites demais escondem. Desconfio que o bom da vida é estar em família. Desconfio que pertencer é grande. Desconfio que os mistérios se resolvem nas coisas pequenas. Desconfio que prazer é aprendizado. Desconfio que amanhã será lindo.