quinta-feira, 27 de maio de 2010

Ouvindo em paz

Estava ouvindo um CD, desses de meditação que se compra em banca de revista, e fiquei surpresa com as palavras daquele moço que falava lentamente, tendo como trilha sonora uma melodia fácil. Comprei o CD há muito tempo. Custou R$ 14,90 e eu já ouvi muitas vezes. Ocorre que, nos últimos tempos, não ouvia mais, porque estava me cansando do ritmo e do blá-blá-blá.

Mas, hoje, eu precisava de paz e quis ouvi-lo novamente. Foi gratificante. Somente agora, quando mais precisei, percebi o valor do trabalho. Eu queria apenas reforçar atitudes e crenças que sempre pautaram minha vida e que agora, mais do que nunca, precisam ganhar força. Falo de amor, sintonia com o simples e natural, meditação, perdão, entendimento da transitoriedade da vida, coisas desse tipo. Com fala simples e mansa, o narrador conseguiu mudar minha sintonia de "ai que preguiça de tudo", para "tudo vale a pena se a alma não é pequena". Não vale cada centavo dos R$ 14,90 gastos? Eu pagaria até mais.

Confesso que, quando comprei o CD, enfiei rapidinho na bolsa, porque não era um produto nobre. Quem é que quer ser flagrada comprando CD de autoajuda de uma editora desconhecida? Puro preconceito. "10 Passos para a Paz", da editora Escala, é digno de se comprar e de se ouvir em paz.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sonhos fazem sentido

Hoje, estou pensando grande. Comecei lendo algumas páginas do livro “Quase nada sobre quase tudo”, presente da Maria. Livros desse tipo são bons de ler devagar, saboreando ideias que eu jamais conseguiria expressar da mesma forma e que, não obstante, são ideias minhas também. Leio jiboiando, digerindo lentamente. Na página onde parei, o autor falava sobre o espaço e o tempo. É muito grande. Ao mesmo tempo, é quase nada. Tão pequeno que passa. Alguém duvida?

E como estou pra filosofia, prossigo... Algumas vezes, antes de dormir, penso na vida. Não gosto muito quando a sintonia é o inatingível sentido de viver. Ai, ai, como a maioria dos fatos e os mais elevados objetivos ficam ridículos nessa hora! Ao mesmo tempo, é assustador perceber que tudo o que eu tenho é a minha vida. E não tenho, posto que não decido hora e lugar para sair da brincadeira. Se não sou dona da bola, sobra o quê?

Descobri recentemente que não somos donos nem da nossa história. Basta uma frase, uma ideia, uma escolha impensada para que sejamos transformados em personagem de uma história que nunca imaginamos. Melhor ou pior, não importa. Grandes celebridades por mero acaso; grandes vilões por descaso. Então, somos donos de quê?

Como ando muito otimista, vou responder: sou dona dos meus sonhos. Quando eles são bem-sonhados, quando refletem o meu desejo mais sincero, pertecem a mim e a mais ninguém. E sonhos não tem limites. Neles, eu tudo posso – como Deus.

Com que sonho? Sonho em escalar a pirâmide de Maslow com dignidade, garantido o essencial para a vida, como casa, cama, abrigo e comida. Depois, subir alguns degraus e proteger as conquistas de tantas lutas, manter os amigos, ter paz em família e a chama acessa no relacionamento. Quero gostar e confiar nas pessoas. Quero a pirâmide inteira, finalizando com a capacidade de transcender, de ser criativa, otimista e muito religiosa, porque combina comigo. Claro que esses são os sonhos de todo mundo, mas há aquilo que sonho e não conto. Se eu contar, pode não acontecer e tem que...

Da próxima vez que pensar sobre o sentido da vida, vire para o lado e sonhe. Faz sentido.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um coração destemido

É difícil ser zen nos momentos bons ou simplesmente banais do cotidiano. É difícil encher-se de coragem para enfrentar o mundo, mesmo que o enfrentamento tenha a ver com a posição numa fila. É difícil ser uma pessoa correta e boa nos pequenos gestos do dia-a-dia. É difícil ser uma pessoa íntegra, que não tem que se envergonhar de pequenos crimes. É difícil manter o humor em situações corriqueiras. É difícil ser otimista quando a vida anda nos trilhos.

Quando tudo vai bem, quando o tédio é o único e pior castigo, quando o controle está nas nossas mãos, é difícil manter uma conduta reta, otimista, em paz e amorosa. Por isso tropeçamos nas boas intenções, fazemos planos que não cumprimos, damos respostas das quais nos arrependemos, por isso não falamos toda a verdade e contamos a história pela metade. Eu, você e todo mundo, vivemos nossas imperfeições o tempo todo. Porque é difícil ser diferente.

E é quando os piores momentos chegam que nos conscientizamos que aquela água que corria calma, dia após dia, no fundo da alma, ia polindo a coragem, o caráter, a bondade. É quando a vida exige gestos grandiosos que notamos a grandeza de que somos capazes.

Vivo um desses momentos. Estou no profundamente triste da vida. No entanto, agora, exatamente agora, nesse trecho tortuoso do caminho, eu me assusto, não com o desafio, mas com a minha capacidade de reafirmar o meu otimismo e a minha fé. O tempo não passou em vão por mim. Nas minhas invenções, no meu jeito de inventar remédios, patuás e credos, moldei uma Iêda melhor.

E posso contar que não andei sozinha. Indizíveis vezes, nesses últimos dias, meus olhos encheram-se de lágrimas, porque pessoas queridas me ligaram, não para me questionar, mas para me amarem caladas. Por todas essas pessoas e por outras tantas que fazem do amor e do respeito sua bandeira, hoje, eu acredito mais na vida e sou mais otimista.

Ouvi Isabel Allender dizer numa palestra: “precisamos manter o coração destemido”. É com grande gratidão por tudo o que me aconteceu, e que forjou em mim o coração que carrego, que eu digo: tenho um coração destemido. A partir de hoje, é ele que vai falar, não mais o meu medo de desagradar, não mais a minha fantasia de pessoa perfeita, não mais a escrita rimada e de alma acanhada. Sempre acreditei no maior, melhor e mais justo. Portanto, faço desses ingredientes o tempero do meu texto. Zenhumorada e apaixonadamente forte.

Vencer pequenas batalhas pode ser difícil, mas a guerra eu não perco. Só porque entro nela com o coração destemido.