segunda-feira, 22 de julho de 2013

Filme bom

Entendi de uma vez por todas que nem tudo tem explicação ou faz sentido nesta vida. Não tem explicação a tristeza que chega numa segunda-feira e acaba com uma caminhada na terça. Não tem explicação ficar em paz comendo pipoca e entalar com filet mignon. Foge a qualquer sentido o bem de uma gargalhada. Não faz sentido o mais tolo ser mais sábio.

Por isso, quero viver do modo como vou ao cinema. Lá, envolvo-me completamente e, independente de gostar ou não do filme, saio consciente de que sou dona de uma história e sou livre para mudar a cena, saio consciente de que, se não acabou ainda, o final pode ser feliz.

Quando vou ao cinema, saio em estado alterado e me delicio com a experiência. Apenas quero silenciar-me para curtir o bem-estar. E se alguém pergunta: O que você achou do roteiro? E da direção? Não dá vontade de responder. Explicações e porquês quebram a magia do sentir. Pois eu quero viver assim.

E se ficar difícil, eu digo: não acabou ainda.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Não faz mal

Já li o horóscopo. Parece que os astros estão em bom curso. Já meditei com absoluta confiança. Já dei prioridade para as tarefas que exigem menos entusiasmo. Já larguei tudo e fui resolver pendências na rua, sabendo que era só um pretexto para passear, respirar, sentir o vento no rosto. E nada adiantou. Nem o sol, nem o céu, nem o azul incrível, nem a minha consciência da falta de sentido deste estado de espírito.

Sim, não faz sentido. Tudo vai bem, o final de semana foi tranquilo, a saúde está boa, mas um dia ruim é assim, vem não se sabe de onde, leva-se não se sabe como e some sem porquê.

É quando os mais sábios se isolam e esperam, sabendo que amanhã é outro dia e que um dia ruim não é tão mal assim. Eu espero.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Livremente

Eu não queria ser livre pela força poética da palavra liberdade, embora isso fosse coerente com a minha alma e me bastasse como argumento nos dias de maior entrave. Eu quero ser livre por motivos bem banais e, como se trata de vida – da minha vida –, ouso considerá-los essenciais. E quanto mais o tempo passa, mais banais são meus motivos. Então, descubro que ser livre de verdade requer alguma maturidade.

Posso dizer que escolhi, por exemplo, a liberdade de não ter emprego fixo e uma carteira assinada, arcando com toda a dificuldade que resulta disso, só porque não há dinheiro e estabilidade que paguem a minha fuga de ontem à tarde. Ah, como eu fui feliz vendo as pessoas apressadas, enquanto eu, devagar, observava. Não, eu não era o personagem que move a engrenagem, era espectadora, admiradora, aquela que se distancia para curtir a história.

Ontem eu fugi da rotina. Pois eu quero ser mais livre ainda para isso, para fugir quando for preciso.

Eu quero ser livre para não me importar com a hora e poder ficar mais um tempo olhando para a pessoa querida ou para o cisne. É disto que eu preciso: de pausas para ouvir e para admirar. Eu não preciso de relógio para cronometrar o afeto e o prazer. Ser livre é aprendizado de administrar com cuidado escolha e necessidade, obrigação e diversão. Eu sei disso, aprendi que liberdade é poder – e saber – ouvir o coração.

Eu quero ser livre para dizer sim. Dizer sim à pipoca, ao filme antigo, à roupa colorida, à preguiça; dizer sim à dança, à música, ao desejo e à falta dele; dizer sim ao livro, ao presente, à união e à solidão; dizer sim ao sol e à lua, à noite e ao meio dia; dizer sim aos pés descalços, ao impulso e à caminhada; dizer sim nas despedidas e sim para a saudade que fica; dizer sim aos temperos novos, aos ingredientes diferentes e, em volta da mesa, saborear a vida... Livremente.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Eu canto

Quem canta os males espanta. Ouvi e acreditei. Embora cantar não fosse exatamente o meu maior talento – nem mesmo o menor –, cantei. Cantei para espantar o tédio e para afastar o pensamento renitente; cantei para espantar a preguiça e para esquecer a tristeza; cantei para espantar a raiva e para acompanhar a solidão. Cantei para ir à forra, para a desforra e por pura farra. Aí, um dia, descobri que o ditado tem raíz na sabedoria oriental

Não é de hoje que os mantras embalam o homem no caminho da virtude. Mas foi hoje que eu li o melhor texto sobre mantras a que tive acesso. Gostei e reproduzo abaixo em livre tradução ( o que quer dizer que não foi uma tradução profissional, mas de bom coração). 

Se preferir, vá direto à fonte: site Kundalini Yoga

Mas, se o assunto não te interessa tanto assim, pelo menos cante. Invente a sua moda de ficar bem. 


Mantras
A semente da virtude

By Guru Prem Singh Khalsa

Eu ouvi pela primeira vez o mantra budista Nam Myoho Renge Kyo, quando eu tinha 17 anos de idade. Era o ano de 1971. Foi-me dito que se eu cantasse esse mantra muitas vezes, com boa pronúncia e devoção adequada, a fortuna viria para mim. Eu costumava cantá-lo na esperança de que eu pudesse, pelo menos, encontrar algum dinheiro inesperado. Mas isso nunca aconteceu.

Eu queria dinheiro para comprar coisas para ter prazer em. Como eu tinha pouca luz, precisava de coisas para ser iluminado por. Claro que o dinheiro não apareceu. Então, eu parei de cantar. Honestamente, meu coração realmente não estava nele e eu tinha dúvidas.

Poucos anos depois, outro amigo me ensinou a cantar Sat Nam para ajudar a limpar karmas ruins. Isso eu fiz bem, mas sem efeito perceptível. Na época, eu tinha vinte e um anos e já tinha sido exposto a muitos mantras diferentes. No entanto, o meu coração não estava em nenhum deles. Algo estava faltando na minha prática reconhecidamente limitada. Eu estava cantando mantras para fins de auto-serviço, esperando que eles magicamente manifestassem meus desejos. Eu também tive a falsa ideia de que eu precisava cantar perfeitamente, acordar Deus, para que ele pudesse servir melhor os meus interesses.

Eu era o único que precisava acordar! Eu estava cheio de dúvidas, mas, mais do que dúvida, eu não tinha fé. Eu não tinha fé na eficácia de cantar um mantra. Eu não tinha fé na eficácia ou na potência do mantra. Sobretudo, eu não conseguia manter a minha mente focada e o meu corpo parado, mesmo que por poucos minutos. Os benefícios de cantar mantras exige paciência e uma prática regular, para que seja uma experiência bem sucedida.

Um mantra é uma projeção da mente à divindade (Man = mente, Trang = onda/projeção). É um som, uma forma de energia que tem estrutura e um efeito real sobre a mente, os chakras e a psique. A vibração de um mantra coloca você na freqüência em que está vibrando.

"Cada elemento do universo está em um estado constante de vibração, que se manifesta para nós como luz, som e energia. Os sentidos humanos percebem apenas uma fração da infinita gama de vibração. Por isso, é difícil de compreender que a Palavra mencionada na Bíblia é realmente a totalidade da vibração, que está subjacente e sustenta toda a criação. (ver nota*)

"Uma pessoa pode sintonizar sua própria consciência com totalidade por meio de um mantra. Ao vibrar no ritmo da respiração para um som particular, que é proporcional ao som criativo, pode-se expandir a sensibilidade, captando todo o espectro da vibração. É semelhante ao golpe de uma nota em um instrumento de cordas. Em outras palavras, da maneira como você vibra, o Universo vibra com você. "
Yogi Bhajan

Diz-se que cantar o nome de Deus, mesmo uma vez, desperta a verdade em você. De fato, só mesmo um indivíduo raro e abençoado alcançaria isso. Eu descobrir que, para o resto de nós, ajuda tremendamente a conhecer, ter fé e coragem. Conhecer o que o mantra significa e o que ele faz. Ter fé na possibilidade da experiência. Ter coragem para manter a prática.

Existem muitos mantras e palavras poderosos. Sat Nam é um Mantra Bij (um mantra semente). Significa nome verdadeiro ou a verdade é a minha identidade. Agora, quando eu ouvir o mantra Sat Nam, a compreensão do significado amplia a experiência. Aos poucos, desperta uma fé profunda de que a Verdade é a minha identidade. E é pela graça de Deus que eu alccanço esta experiência. Por isso, devo treinar com paciência.

Todos nós passamos por experiências que trazem à tona o lado sombrio do coração, deixando-o frio, quebrado, sentido, equivocado etc. Isso pode escurecer a nossa mente, bloqueiar a nossa luz interior e ofuscar a nossa consciência. Mas lembre-se, sem a escuridão, como podemos ver a luz?

A fé precisa de dedicação. A devoção fortalece a fé. Além disso, a devoção deve ser dirigida para a personificação da virtude. Em Japji Sahib, Guru Nanak afirma: "Não pode haver verdadeira devoção sem virtude interior". A personificação da virtude é um dos grandes propósitos da experiência humana.

Sat Nam pode ser traduzido como: "Meu coração é verdadeiro” e um coração de verdade dá à luz virtudes, tornando-se compassivo, caloroso, valente, leve... Eu acredito que o mantra semente Sat Nam pode ser plantado no solo fértil do meu coração e, com devoção adequada e um pouco de técnica, crescer em virtudes.

Ao aceitar a fonte – o Guru Nanak, que colocou o selo do Guru no mantra Sat Nam –, começamos a agir com fé. A fé não deve ser cega, deve vir a partir dos fatos sobre o próprio mantra. Se você tem fé nos fatos, então tudo o que resta é a coragem que você deve trazer para a prática. Então, quais são os fatos de Sat Nam?

Porque não basta afirmá-lo em português? Não seria suficiente? Não, a tradução não resulta numa vibração suficientemente potente. Parte da vibração do Sat Nam é "Ahh." Ao cantar este som, ele ressoa na região do peito. Cantar 'Ahh' acalma e traz uma sensação agradável, mas não se trata apenas disso. O objetivo é a escuta profunda, ou Sunia.

Som de Sat começa abaixo do umbigo, movendo-se em direção ao coração, onde o som do 'Ahh' vibra e sobe, acabando com o som do 'T' na ponta da língua (batendo entre os dentes da frente e o palato superior, a pronúncia do “T” final traz um estímulo para as glândulas. O néctar de cantar Nam nos leva a nossa identidade verdadeira, à verdade do coração. É necessário entoar o mantra corretamente, para que o som possa ressoar e vibrar em nossa "Sat Nam".

Eu já não procuro a verdade ou Deus. A verdade real e factual é que eu estou vivo. O propósito da vida é identificar que estamos vivos. Perceba que você está vivo, vivendo honestamente, vivendo em verdade!

Uma das formas mais poderosas de cantar Sat Nam é praticando Sat Kriya!

O vídeo abaixo mostra como praticar Sat Kriya corretamente:

(*) No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
João 1:1-5