segunda-feira, 30 de julho de 2012

Celebração floral

Nasceram e ouso pedir, como pediu Drumond no poema: "façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu... Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio." Novas flores brotaram na minha casa. É ocasião para festejo. Exagero? Não, é assim mesmo que eu vejo a importância do florescer na vida. É ocasião digna de celebração e festa. Nasceu uma flor. E outras. E mais uma, espelhando a beleza que o olhar capta e a emoção planta do lado de dentro. Daqui a pouco eu invento umas cores, um jeito diferente e até um perfume.

E se vale uma sugestão, é esta: As flores duram pouco. Vejam as flores enquanto é tempo!
 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aprender e cair

Por que eu pensava que andar de patins seria difícil, se nem havia tentado? Deve ser porque envolvia o risco de cair e, além de doer, isso seria ridículo. Mas, afinal, dói mais cair ou pagar mico? Outra questão se coloca: quem quer passar pela vergonha de tentar e não conseguir?

Não posso, que vergonha, que medo, que ridículo...  São crenças limitantes, mas tudo muda na hora em que se resolve calçar os patins e arriscar. O ganho é tão maior do que a vergonha que a gente se pergunta: por que não fiz isso antes? 

Quero saber quais são os patins que ainda não ousei calçar. Quero ir além do medo de cair.

domingo, 22 de julho de 2012

Flower Power

A lista é enorme. Tem flor para tudo o que é desconforto, mal-estar e perturbação. E a descrição dos benefícios promete soluções como eu nem ousava imaginar. Leio e acredito. Tudo é tão perfeito, o mundo pode ser mais lindo. É quase como olhar flores dispostas numa banca perfumada e colorida. Saio escolhendo aquelas que mais têm a ver com o meu momento. Leio e escolho, olho e me encanto e quero para minha vida algomais do que promessas.

Então é isto: existe um poder maior das flores nas nossas vidas que vai muito além da botânica, muito além de perfumar ou enfeitar. Esse poder consiste em tratar do corpo e da alma e, desde que Edward Bach catalogou 38 estados negativos da mente e criou uma essência floral ou de planta para cada um, muitas gotas rolaram. Sei do que falo. Já fui dos florais de Bach aos de Minas, passando pelos Californianos e sempre com a mesma convicção: se não faz bem, mal também não faz. Pode ser mera autossugestão. Mas e daí? Isso também é funcionar.

Olha que lindo: "O composto atua como catalisador da paz e da harmonia, afia a intuição, traz das profundezas do ser as energias de motivação interna..." E olha que flores são elas: Rosa Nina, Amarília, Zanzibar, Gatheia e Melmalva.

"Visando o autoconhecimento e o estímulo da criatividade dos pensadores, artistas e escritores, auxilia na potencialização das energias critivas, no desenvolvimento da sutileza e da fertilidade criativa, trazendo clareza e leveza..." E lá está a Rosa Nina de novo. Começo a gostar dela. E penso que quero ela no buquê que vou fazer.

É ler e se encantar. Mas não é assim tão leviano quanto minha prosopopeia faz parecer. A gente séria de plantão ficaria revoltada. Mas sejamos zen humorados. Tem muita informação na internet e pelo mundo afora, tem profissionais especializados e muito bem-intencionados. Eu, aqui, só falo de mim. E vou continuar achando a maior graça. Nos dois belos sentidos da palavra.

E só pra constar: a Rosa Nina pode esperar. Ainda vou de rosmarinus officinalis.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Agulhas

Penso que há milênios o homem usa esta técnica para amenizar dores, curar doenças e aliviar mal-estar. Penso que é conhecimento que venceu o tempo por merecimento. Penso que sim, que deve fazer algum efeito. No entanto, falando francamente, tem hora que não sei o que vou fazer nas sessões de acupuntura.

Claro, a gente vive correndo nesses dias que passam rápido e ficar esticada, quieta, sem poder se  mexer por causa das agulhas espetadas pelo corpo inteiro parece mesmo algo sem sentido. Haja paciência para aguentar a dor inicial da agulhada e, depois, para aguentar ficar bem zen...

Mas eu aguento. E confesso que não sei se a gastrite, que começava a me incomodar, sumiu por causa da yoga, da acupuntura ou por causa das minhas escolhas mais saudáveis na vida. Ou será que é tudo isso junto? Não sei. Por isso, paro por aqui e vou para a próxima sessão de agulhadas.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Vencer e calar

Primeiro, venci o medo. Depois, a dúvida. Não bastasse isso, venci o comodismo, a câimbra, a dormência nos pés e braços, a pressa de alguns dias, as dores nos pés e a ansiedade para chegar ao fim. Venci, porque entendi que não adiantava ter pressa e desistir não era uma opção.

Então, aprendi a ir devagar, dia após dia, minuto a minuto, sem olhar para o relógio, sem pensar em sacrifício, concentrando-me apenas no movimento, que era um pulsar sem tempo. Nele, cada respiração e cada minuto representaram muito. Como tudo o que é conquistado com determinação e afinco, o aprendizado foi valioso. No total, somaram-se 21 dias, 31 minutos de prática por dia, mais de 10 horas no total. Sem falar nos 31 minutos de relaxamento. Do que falo? Falo da prática de Sat Kriya.

Mera aprendiz em começo de uma trajetória, ao ouvir, numa aula de Kundalini Yoga, a sugestão de praticar Sat Kriya por 31 minutos, durante 21 dias, ousei acreditar na minha capacidade de manter a disciplina e ser rigorosa com o meu propósito. Todos os dias, acordei muito mais cedo do que o costume, sentei-me sobre os calcanhares, com os joelhos dobrados e os braços estendidos para o alto e ali fiquei, respirando e repetindo compassadamente: SAT NAM. SAT NAM. SAT NAM... Deste modo, fui até o fim.

Mas preciso contar que li no livro O barão nas árvores, de Ítalo Calvino, uma frase da qual me lembro sempre que encaro um desafio e fico tentada a contar pro mundo. Dizia assim:

"As tarefas que se baseiam numa tenacidade interior devem permanecer mudas e obscura; por pouco que alguém as anuncie ou delas se vanglorie, tudo parece supérfluo, sem sentido ou até mesquinho. Assim, tão logo meu irmão pronunciou aquelas palavras, arrependeu-se de tê-las dito, e não lhe importava mais nada, e teve vontade de descer e acabar com aquilo..."

Cosme, o personagem referido, havia dito: "Sabe que ainda não desci das árvores desde aquele dia?" Ele estava conseguindo, mas falar sobre isso transformou a aventura em algo corriqueiro. Eu entendo isso. Colocar em palavras minha atitude foi simplificá-la. No meio do meu percurso, parei de falar para os amigos. Foi melhor assim.

Agora acabou e escrevo apenas para confidenciar: "se eu consigo, você também." E devo dizer algo mais. Depois de tudo, eu acho que consigo muito mais do que penso. Mas é melhor me calar. O ego pode escutar e ele atrapalha muito.