quinta-feira, 6 de março de 2014

Histórias que invento

Penso em dizer algo, penso em confidenciar algum segredo, mas desisto e logo percebo que até na desistência eu me comunico. O meu silêncio, espécie de ausência, desperta perguntas: "Nada há de novo? Anda ensimesmada? Refestelou-se no sofá?" É assim mesmo, há comunicação no que se lê e no que não há para ler.

Hoje, escolho outras palavras, frases mais curtas, talvez, que poupem tempo, para que alguém se aventure comigo a decifrar meus enigmas. Por um desses acasos da vida, achei você. Então, digo que acordo cedo – mais cedo do que posso e mais tarde do que gostaria. Gosto das manhãs de luz clara e fria. Sinto-me viva, renascida, despontando cheia de esperança para o novo. E se medito, é porque coluna ereta e mente quieta mudam mesmo a minha perspectiva da vida e do mundo.

Hoje, as palavras desentranham confidências e vejo que, nessa história, cabe algo de caos, cabe algum equilíbrio, muita busca e o desejo profundo de aprender. Por vezes, sou assim, meio calma. E se sempre começo a meditar pensando no relógio, achando meia hora meio muito, logo fico tão deslumbrada com o bem-estar, com o que vejo e com o que não vejo, com as evidências inexplicáveis do que é mais inexplicável ainda, que relaxo e vou para dentro.

Mas também sou acelerada. De manhã, sigo rápida para a caminhada e desacelero os pensamentos. Acho tão contraditório andar, andar e não ir a nenhum lugar... Mas gosto muito disso. Por isso, ando, ouço músicas e penso em trilha. Quando a música me toca, sou personagem convincente de um filme. Adoro a sensação de ser personagem da história que eu invento.

Quer saber? Sou calma, acelerada e trabalhadeira. Mais formiga do que cigarra, mais obstinada do que convicta. Lanço-me nos afazeres com energia do rato fugindo do gato e faço, faço, faço. Essa é a tentiva de dar sentido ao caos. Viver pode ser tão caótico se não me aprumo... Não dá para só fazer. Então, penso.

Penso se faz sentido inventar frases para os outros, alimentar pessoas, nutrir, cativar e emocionar. Penso se faz algum sentido desejar todo o bem do mundo pra todo mundo. Intuo que sim e elevo meus desejos à altura desta grandeza: Somos muitos e únicos na unidade que alguns chama de humanidade. Esse é o meu sentido, essa é minha história de todo dia.

Por fim, à noite, durmo em paz. E sonho muito.