sexta-feira, 24 de maio de 2013

Comovente

Gestos são comoventes. Momentos também. Palavras – escritas ou faladas – comovem. Um minuto de silêncio vai além. Às vezes, lágrimas embaçam a visão de uma foto. É quando a imagem revela-se comovente.

Outro dia, eu vi a foto do casal abraçado em meio aos destroços de um prédio em Bangladesh. Não suportei a dor de olhar.

Depois, eu vi o pé de uma moça que se destacava no corpo coberto por um lençol branco. A fragilidade me comoveu.

Há momentos em que olho um braço largado sobre a mesa, ou costas encurvadas, olho mãos que param o movimento e pousam como borboletas cansadas ou joelhos, olho a perna desnuda ou uma orelha, quando a mão afasta o cabelo. Nesses momentos, fico constrangida como quem observa a intimidade de alguém pela fresta da porta. Mas o constrangimento passa, porque olhar o Ser sendo é comovente.

Então, eu descubro o que mais me comove. É gente.