Em dias de mudança, descobrimos as inutilidades da vida. Somam-se caixas com copos, pratos, panelas, livros, roupas, revistas velhas... Nelas, descobrem-se coleções que não são nem enfeites, uma dezena de bolsas de cores diferentes da moça que só ousa preto, sapatos para festas e para longas caminhadas de quem só anda na rotina do perto, blusa para o frio que não vem ou para usar aonde a gente não vai, livros que viram desassossego, por cobrar o tempo de ler ou reler, lembranças amargas guardadas num pedaço de guardanapo, só para não esquecer que já foi pior um dia.
Nas mudanças, a história sai dos seus guardados. Há fotos e, nelas, a ilusão de um momento eternizado. Nos acenos, sorrisos, gestos estudados e poses ensaiadas, revivemos amizade, festa, férias, mais presença e menos saudade. Um brilho no olhar, a mão estendida, o ombro amigo, tudo fica na caixa, separado por ocasião ou misturado como as emoções da gente. São como flashes do tempo, respingos de nostalgia que vem alegrar a bagunça da casa desmontada.
Nas mudanças, há achados emocionantes. Estavam ali, o tempo todo, o bilhete amoroso, a correntinha da sorte que se perdeu, o parafuso da máquina, a tampa da panela, a receita de pão. Há, ainda, achados desastrosos. O brinco que nunca mais será par, a chave da fechadura que já era, a declaração de amor que – descobre-se – tinha prazo de validade, o presente que não agradou, o pé de meia sem par.
Deve ser por isso que a gente oscila nas mudanças. Há tanto da vida que se viveu. E temos que escolher o que guardar, o que doar, o que jogar fora. Não saio apenas de um apartamento para outro, saio de um tempo para outro, de uma escolha para outra, de uma Iêda para outra. Saio mais leve, com algumas perdas e muitos ganhos. Saio renovada.
Nas mudanças, a história sai dos seus guardados. Há fotos e, nelas, a ilusão de um momento eternizado. Nos acenos, sorrisos, gestos estudados e poses ensaiadas, revivemos amizade, festa, férias, mais presença e menos saudade. Um brilho no olhar, a mão estendida, o ombro amigo, tudo fica na caixa, separado por ocasião ou misturado como as emoções da gente. São como flashes do tempo, respingos de nostalgia que vem alegrar a bagunça da casa desmontada.
Nas mudanças, há achados emocionantes. Estavam ali, o tempo todo, o bilhete amoroso, a correntinha da sorte que se perdeu, o parafuso da máquina, a tampa da panela, a receita de pão. Há, ainda, achados desastrosos. O brinco que nunca mais será par, a chave da fechadura que já era, a declaração de amor que – descobre-se – tinha prazo de validade, o presente que não agradou, o pé de meia sem par.
Deve ser por isso que a gente oscila nas mudanças. Há tanto da vida que se viveu. E temos que escolher o que guardar, o que doar, o que jogar fora. Não saio apenas de um apartamento para outro, saio de um tempo para outro, de uma escolha para outra, de uma Iêda para outra. Saio mais leve, com algumas perdas e muitos ganhos. Saio renovada.