O dramaturgo francês, Edmond Rostand, autor da peça Cyrano de Bergerac, escreveu à respeito do próprio envelhecimento: "Os espelhos não são mais os mesmos". Li isso e pensei nos meus espelhos. Acho que eles também não são mais os mesmos.
Considerando que espelho para mim é tudo aquilo que reflete minhas escolhas, minhas atitudes, o tempo que passa, os ideais e as conquistas, não me espanta que mudem. Espanta-me perceber o quanto mudam, espanta-me achá-los mais bonitos.
Meus amigos refletem a minha capacidade de cultivar, doar e andar junto. Isso é bonito. Meu trabalho reflete uma escolha certa e, com ela, o uso dos meus talentos. Bonito também. Minha família reflete amor, tolerância e os maiores sustos, porque só uma família – espelho de verdade – é capaz de mostrar pra gente os nossos maiores defeitos. E enxergar defeito é desafiador, porque é parte do acerto. Isso não é bonito? Tem outros espelhos interessantes, como os novos hábitos. Neles, vejo uma Iêda diferente, buscando acertar o caminho que leva à saúde, serenidade e paz. Um desses hábitos-espelho é a meditação. Outro, que me revela melhor, é a minha visão otimista do mundo, das pessoas, dos fatos.
Irremediavelmente portadora da síndrome de Polyanna, deve ser por isso que ando achando meus espelhos tão bonitos.