Fui recebendo alguns textos e guardando. Às vezes, leio e acho inspirador, penso que poderia colocar em prática. Poucas vezes o faço. Os textos são como receitas de um bom prato. Quase todos trazem ingredientes disponíveis no mercado e óbvios modos de preparo. Parece fácil. Um sorriso aqui, um pensamento bom ali e, assim, a vida teria um sabor diferente. É na hora de misturar os ingredientes que a dificuldade começa. Qual o ponto certo da atenção? Que tanto exato é uma pitada humor? E o gosto amargo da frustração, uma hora passa? Não ficou doce demais o meu afeto?
Aprendi a cozinhar errando. Claro, algumas vezes acertei de cara, mas quase sempre só dava para o consumo conformado. Hoje, com a coragem de ousar, misturada à tradição familiar, até que me dou bem. Se a culinária fosse como a vida, bastaria entender que preciso da minha experiência e do meu histórico para que a receita faça sentido e para que eu saiba a hora de parar de mexer.
Quando leio alguns textos, penso em manter o fogo baixo e ir cozinhando os velhos hábitos, enquanto preparo a novidade para o meu cardápio. Preciso desse tempero. Algumas vezes, parece perda de tempo investir num banho demorado, quando o trabalho pede urgência. Então, eu me pergunto: “O que vale mais?” Não tenho dúvidas e, se questiono, é só para afirmar as novas respostas. O coração em paz vale mais. Sempre.
Vou testando. Se não der certo, pelo menos a vida terá um gosto diferente e mais charme. Porque, definitivamente, a estética também vale. Para quem quiser experimentar, seguem algumas receitas rápidas, colhidas ao acaso, naqueles textos que recebo.
Para abençoar
Devia ser para a casa. O texto dizia para fazer uma água de cheiro com rosas, ervas e frutas da preferência, aspergir pela casa e mentalizar coisas boas. Minha experiência indicou um modo mais simples: fervo tudo e curto o aroma. No hora do banho, jogo da nuca para baixo. A casa toda fica cheirosa e eu... deixa pra lá.
Desobstruir caminhos
Varrer a casa com ramos de hortelã. Passar pelos cantos. Também pode-se fazer um chá bem forte e passar pano na casa, indo dos fundos para a rua. Aspergir essência de hortelã na casa. Hortelá é bom também para desobstruir o organismo. Mudei tudo. Achei um exagero varrer a casa com raminhos de hortelã. Então, fiz um chá bem forte e tomei. O que sobrou, coloquei no frasco próprio e perfumei a casa. Juro que me senti mais em paz. E ainda tive o bônus do sabor.
Mais equilibrio e calma
Fazer pausa de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho.
Dizer não sem culpa.
Concentrar-se em uma tarefa de cada vez.
Ainda não aprendi o segredo. É comparável a fazer suflê. Sai do forno bonitinho e depois murcha.
Por hoje é só. Como o propósito aqui é contar as experiências neste caminho meio zen, meio humorado, continuo atenta ao que recebo. E vou contando tudo. Ao contrário de alguns chefs, que sempre guardam um segredo – o pulo do gato – eu revelo. Conto até o que não deu certo. Quem sabe alguém me dá uma dica?