Corri, corri e, enfim, cheguei. Dezembro é o mês mais louco e mais sensacional do ano. Eu gosto da loucura de trabalho em excesso, confraternizações, luzes, compras, correria, conselhos para o fim de ano perfeito e um ótimo recomeço, votos de boas festas, mensagens para os amigos, viagem, festas. Mas, este ano, somei mais uma trabalheira aos meus rituais: limpei a casa para o novo.
Foi assim: recebi uma mensagem sobre o solstício de verão, que acontece no dia 21 de dezembro. A proposta era preparar a casa e, neste dia, celebrar a entrada do sol, a luz do recomeço. Confesso que quase desisto, porque era trabalho demais somado a outros tantos. Mas sou tão obstinada com as coisas que fazem bem à alma, que encarei o desafio.
Limpei todos os cantos, joguei fora papeladas antigas que amarelavam no desuso. Estou mudando, inovando a vida. Então, por que acumular tantos registros do passado? Bastava algumas peças para ilustrar a história. Guardei pouco, apenas o valioso de mim. A limpeza foi completa. Doei roupas, arrumei gavetas, inovei nos cantos e nos enfeites da casa. Depois viajei. Quando cheguei, abri a porta, respirei fundo e confesso que havia no ar um quê de leveza, mas também uma coisa meio parada. Faltava abrir as janelas? Talvez.
No dia seguinte, a faxineira completou a limpeza. Aí, circulei pela casa me sentindo a dona do pedaço e feliz com isso. Em cada cômodo, eu vi meus modos, escolhas e expectativas. Depois pensei: “Chegou a alma da casa!”. Claro, a casa sou eu e fico feliz de saber que, nas gavetas e prateleiras, há espaços de sobra para o novo entrar. Então, sim, eu posso sonhar.