quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Vazio

Agora, escrevo com a convicção de quem decreta uma sentença: gostaria de ter menos crenças. Frase escrita, a intenção esbarra nas convenções, nos padrões, na moral e nos bons costumes. Os hábitos, então, levantam-se como barreiras intransponíveis. Esvaziar-me não é fácil. Eis aí outra crença. Noto que acredito demais. Mas não sou a única.

Fui a um aniversário no início do mês e recebi de lembrancinha um papel colorido e bonito com a delicadeza de uma frase que a aniversariante escreveu à mão. A mesa estava cheia delas, mas a minha foi essa:

"O maior dia da vida será aquele em que você não puder encontrar em si mesmo coisa alguma para jogar fora. O dia em que perceber que tudo já foi jogado fora e que existe somente puro vazio. Nesse vazio, você encontrará a si mesmo."
Osho

Andréa, não joguei fora o papelzinho que você me deu. Está aqui comigo e olho para ele, enquanto penso no que poderia jogar fora agora...

- Quero jogar fora a intolerância, o medo do futuro, a procrastinação.

Só isso é desapego para um ano inteiro. E o papelzinho eu levo comigo.