quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Raridade

Ouço a música e fico atenta ao trecho em que o compositor declara: "viver é tão raro!" O pensamento zen que, mais do que tudo, é atitude e tem a ver com o momento presente, com o estar atento para as raridades do viver, leva-me a outras elucubrações.

Penso que é raro a gente acordar para ver o dia nascer e se sentir em paz com o tempo que tem. É raro desfrutar com calma um bom prato, sem preocupações com o relógio, com as calorias ou com agrotóxicos, apenas explorando as alegrias do paladar. É raro acordar no meio da noite, abrir os olhos, ver o ambiente conhecido e voltar a dormir na paz dos que encontram o seu canto. É raro olhar para o lado e se encantar com a beleza e com o afeto de uma presença companheira e amiga. Tambem é rara a percepção da leveza de um andar sem dor, raridade que só o convalescente sabe dar valor.

São raros os momentos em que os braços se alargam para o aconchego de um abraço, quando os ouvidos captam nas palavras costumeiras a tradução de um afeto verdadeiro e quando a boca se cala pelo incomunicável. É rara a percepção da respiração, do ar que entra, revitaliza e dá vida até o último suspiro.

São muitas as raridades. E cada um tem a sua lista. A minha poderia continuar longa, mas o tempo é raro e eu vou ali desfrutá-lo. Deixo a inspiração: "Vai, aproveita a vida! O que há de raro neste momento, se não ele mesmo?"

Raro é o arco-íris depois da chuva e o olhar que eleva-se para ver.