quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Correspondência

Eu queria receber uma mensagem. Quando clico nas quatro letrinhas e fico esperando a caixa abrir, relembro a ansiedade antiga de esperar a carta chegar. Não, ainda não foi hoje. Quem sabe amanhã? Somos assim, queremos a lembrança, o carinho e as palavras. E se elas não vêm, elevamos os ombros em direção à orelhas e os descemos rápido – sinal de desdém. Mas a raposa velha sabe do que desdenha. Na ausência de palavras, fica o silêncio do que era para ser. Ficam as uvas verdes e uma certa frustração.

Outro dia, assistindo a um vídeo com objetivos outros que não filosofar sobre a carência de uma mensagem, ouvi o senhor de longas barbas brancas repetir a frase que está lá, no livro antigo: "No princípio era o verbo." Para mim, ainda é. Preciso das palavras por princípio, por meio e como um fim. Por isso, espero. Por isso, escrevo.

De quem viriam as palavras que espero? Por que viriam? Quais seriam? Ah, isso não importa. Há momentos em que quero apenas corresponder para seguir. E se você também espera aquela mensagem que nem você mesmo sabe do quê ou para quê, faça de conta que estas palavras são para você.