quarta-feira, 13 de abril de 2011

Infinito particular


Estava pensando no quanto mudamos ao longo de um ano, com o passar dos dias e, às vezes, até numa questão de horas, diante do impacto de alguns fatos.

Mudamos muito, inclusive o foco e os interesses. Ocorre que umas pessoas são sensíveis para a própria mudança. Outras não. Ocorre que umas pessoas estão atentas para o diferente do outro. Outras não. Ocorre também que, às vezes, falta tempo pra gente se olhar e medir mudanças.

Um dia eu me olhei. Esse dia foi segunda-feira, quando Tereza escreveu que estava sentindo saudades das amigas, de cada uma no seu particular. Amei o e-mail e a doce provocação que foi para mim.

Gosto muito da música Infinito Particular, de Marisa Monte, e também da expressão em si. Ao ler a palavra particular, fiquei comovida, porque a entendi como o que é único, exclusivo, insubstituível. Ela me inspirou.

Fui em busca do particular das amigas, entrei em sintonia. Não o fiz relembrando cenas ou feitos, como num filme. Não foi pescando palavras na memória, como quem lê um diário. Foi desenrolando o sentimento amoroso, onde não cabem cenas, nem falas, apenas a clara evidência. E foi como o calor de um abraço.

Marisa Monte cantou e eu ouvi com a emoção de quem aceita um bom convite:

"Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça a sua parte..."

Eu fiz a minha parte, retratei cada uma. Talvez eu tenha visto simpatia, susto, sensibilidade... Mas isso importa tanto quanto as ondas do rádio que ninguém ouve agora. O importante foi ir além do melhor e do pior, transcender o quilate, foi retratar o que fica depois das partes, foi reparar o inteiro. E eis a novidade: o inteiro está à beira do infinito. Lá, onde tudo soma e se iguala.

Então eu descubro a grande mudança: estou vendo as pessoas com outros olhos. No amor e na dor, mudei. Agora, tenho noção do insignificante do Mim sem o Ti. Não estamos todos ligados, eu, as amigas do Entre Nós e todo mundo? Então, é sua vez:
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber.


Tereza quis saber como vamos. Respondo: Vou bem-acompanhada.