A amiga observou que o tempo está passando rápido. Comentário bastante comum nas rodas de conversa. Estamos ficando mais velhos? O tempo da infância era moroso, esticava-se em tardes longas de dar gosto. Uma semana era uma eternidade...
E agora? Aos 46 anos, uma semana não vale mais que um encontro com as amigas, sete horas de caminhada-corrida, 49 horas de sono, umas 30 horas trabalhando pra valer e outras tantas buscando inspiração aqui e acolá. Vale também umas noites com o namorado, dois ou três telefonemas para as irmãs, um filme, essas coisinhas à toa. Agora, vale também um pensamento filosófico.
O que fazer com o tempo que passa rápido e vai deixando seus registros e sinais? Usar bem as horas de folga seria boa resposta. Mas não basta. Há tantos livros a ler, tantos fimes a ver, tantos lugares a conhecer... Não dá tempo. Viver bem cada momento talvez seja a opção mais acertada.
Na palma da mão, a linha da vida estende-se descendente. A da cabeça também. Porém, a linha do coração, anda reta ou sobe. Na minha vida cigana, nunca vi uma linha do coração que fosse totalmente descendente. Isso me diz muito. Há uma vida se consumindo, a chama da vela queimando, mas há um coração que se enriquece, que se aquece na luz dos encontros, nos afazeres, na graça de viver.
Então, descubro que já fiz a minha escolha. Transformo a linha do coração na minha linha do tempo. Tempo emocionado, tempo vivido, tempo aproveitado, tempo mais do que válido.