terça-feira, 19 de março de 2013

Próxima parada

Quero o tempo de colher fruta no pé.

O tempo gira no relógio, assusta no espelho, passa a jato lá no alto, estica-se no ocaso. Mas não adianta. Nem atrasa. O tempo é sempre o mesmo, a percepção da gente é que muda o dia e a vida toda. Hoje, o dia está longo. Ontem, foi curto, em comum acordo com o fazer apressado.

Mas não tenho pressa, não me importo com a velocidade. Descobri, com o tempo passando, que a gente desacelera. Hoje, quero o tempo de índio deitado na rede, tempo de banho de rio, tempo de deixar pegadas na praia. Quero o tempo de catar grãos, de água fervendo, de transformação, de comida pronta. Quero o tempo de curtir al dente ou ao ponto. Mas quero o tempo sempre bem passado.

Passo diante do prédio onde morei e a árvore pequena, que mal alcançava a janela, está enorme e já não é minha. Paro o tempo de ver crescer.

Paro, às vezes, pela óbvia constatação de que não adianta correr. E paro agora.