Quero o tempo de colher fruta no pé.
Mas não tenho pressa, não me importo com a velocidade. Descobri, com o tempo passando, que a gente desacelera. Hoje, quero o tempo de índio deitado na rede, tempo de banho de rio, tempo de deixar pegadas na praia. Quero o tempo de catar grãos, de água fervendo, de transformação, de comida pronta. Quero o tempo de curtir al dente ou ao ponto. Mas quero o tempo sempre bem passado.
Passo diante do prédio onde morei e a árvore pequena, que mal alcançava a janela, está enorme e já não é minha. Paro o tempo de ver crescer.
Paro, às vezes, pela óbvia constatação de que não adianta correr. E paro agora.