Pelo título e pela resenha, eu devia imaginar qual seria o meu sentimento ao final da leitura. Mas tantas pessoas gostaram, riram, sentiram-se inspiradas e me indicaram, que resolvi ler o livro Comer, rezar, amar. Trata-se do relato da escritora Elizabeth Gilmore de suas experiências numa viagem de um ano pela Itália, Índia e Indonésia. Diz a resenha que a moça queria explorar a arte do prazer na Itália, a arte da devoção na Índia, e, na Indonésia, a arte de equilibrar as duas coisas. Pois ela conseguiu mais: o livro tornou-se um sucesso mundial. Foram vendidos mais de 4 milhões de exemplares em 30 países. Não é pouca coisa, o que amplificou o meu referido sentimento.
Do que falo? De inveja. Pura e simples. Como é que pode? A moça consegue sair de um casamento chato, consegue que uma editora banque sua viagem, segue na companhia de um italiano simpático, aprende italiano em 4 meses, engorda 11 quilos de tanto comer bem e fica feliz mesmo assim. Na passagem pela Índia, medita durante não sei quantas horas, emagrece todos os quilos a mais e, por fim, chega na Indonésia lindinha, onde um xamã maluco vai auxiliá-la na arte do equilíbrio. De quebra, namora um brasileiro gente boa e arrecada não sei quantos mil dólares para uma amiga. Consegue tudo isso e ainda milhões de leitores interessados em saber como. Não dá inveja?
Se ela tinha a intenção de inspirar revoluções existenciais, se queria somente escrever um querido diário, se queria uma graninha a mais ou apenas indicar caminhos para encontros legais, considero tudo válido. Cada leitor sabe de si e do que o inspira ou motiva. Cada escritor também. E, como eu ando querendo ser mais compassiva e mais zen – muito antes de ler tal livro –, digo apenas que ele deveria ter outro título. Por exemplo, o título desta postagem.
Pausa para reflexão... Não, esse título não dá. Quem é que se interessaria? Ela foi esperta. É melhor deixar os pobres incautos pensarem que vão aprender a conjugar com perfeição os verbos comer, rezar, amar. Deixa pra lá... Não morri de inveja e desse mal eu não morro. Fecho com Nietzsche: “O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.”