sábado, 20 de março de 2010

O gato que não sumiu

Chorosa, ela pediu:
– Escreve um conto para o meu gato.
Veio-me um pensamento relâmpago:
“Logo eu, que não gosto de gatos?”
Assim como o gato, o pensamento sumiu. Respondi:
– Claro. O que você quer que eu diga?
– Diga que ele está bem.

Fiquei enternecida. Então ela queria uma historinha para acreditar?

Pensei em dizer:
– O gatinho foi andando, foi andando, foi andando...
E depois fazer cócegas para ela rir. Mas isso não teria a menor graça. Porque ele foi andando e sumiu.

Esta é a história que eu vou contar: Lulu era uma gata. Linda e manhosa, tinha até pretendente a namorado, um gatão malandro, de grandes bigodes e cara de mau. Mas Lulu nem tchum. Um dia, Lulu foi ser castrada e voltou Luis. O quê? Lulu era um gato. E nobre: com casa, cama, comida e pelos lavados. Quem seria doido de abandonar uma vida assim? Só mesmo um gato de rua. Luis era. E saiu. Ficou alguns dias fora, depois voltou. Saiu de novo e voltou. Saiu e voltou. Até que um dia, saiu e não voltou.

Atiraram o pau no gato? O gato subiu no telhado? Que nada! Gatos tem sete vidas. Pergutando aos vizinhos, a dona tristonha descobriu que Luis tinha até mais do que isso, usufruia do conforto de muitas casas. E agora, em que canto foi parar? Onde Luis está? Eu sei.

Vou acabar com esse mistério: Luiz está no coração de Patrícia. Então, está bem.

E que ninguém duvide do final feliz.