sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ira solta

Há momentos em que eu vejo claramente o que devo fazer para não perder o humor, o dia e a calma. Mas isso só acontece quando não sou eu no palco. Quando entro em cena, nem sempre dá para segurar a simpatia e a classe. Desce-lhe o chicote, ira! E depois arrepende.

O que é que a gente faz com profissionais mal-treinados e arrogantes? O que é que a gente faz quando alguém nitidamente te culpa pela infelicidade que é dele? O que é que se diz para aquele que desdenha de todo nosso esforço? Para onde a gente manda aquele que buzina nem bem abriu o sinal ou aquele que rouba a vaga? Não adianta essa história de contar até dez. Nunca vi funcionar. Não adiantar respirar fundo, só dá fôlego para falar mais alto.

Hoje, eu aproveito que estou calma e investigo a questão. Acho que respirar fundo e sair com elegância é algo que começa antes de se entrar em cena. A atitude deve ser anterior ao primeiro ato.

Minha receita começa por tomar floral (Impatiens para todos, please!). Há também que se rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria quando for à Tok&Stok, ao Carrefour ou à Secretaria da Receita Federal (esta lista varia de pessoa para pessoa). Pode-se fazer simpatia, levar um saquinho de sal grosso na bolsa e uma oração de São Jorge. Adianta pedir ao anjo da guarda um pouco mais de calma. Mas bom, bom mesmo, é sair de cena rápido. Porque, quando a situação complica, é elegante não esticar o barraco. Sem mais palavras.