Minha avó tinha os cabelos longos, bem longos mesmo e ela os penteava com esmero. Eu gostava de observá-la e, hoje, eu penso que ela penteava os cabelos como quem penteia lembranças. Depois, enrolava-os num coque na altura da nuca, colocava os óculos, puxava os fios que ficavam no pente e os enrolava como um novelo antes de jogar fora.
O ritual todo era meticuloso. Primeiro, desembaraçar pensamentos. Depois, pentear lembranças. Em seguida, enrolar como quem preserva e enfeita a memória. Por fim, descartar o que não precisa ficar na história.
Outro dia, enquanto lia um livro, distraidamente, comecei a desembaraçar, pentear e enrolar os cabelos. Quero dizer, outra história. No final, com os fios soltos, joguei fora a melancolia, porque esta não merece fazer parte da memória. O gesto trouxe minha avó para a cena e eu me senti amada.
O ritual todo era meticuloso. Primeiro, desembaraçar pensamentos. Depois, pentear lembranças. Em seguida, enrolar como quem preserva e enfeita a memória. Por fim, descartar o que não precisa ficar na história.
Outro dia, enquanto lia um livro, distraidamente, comecei a desembaraçar, pentear e enrolar os cabelos. Quero dizer, outra história. No final, com os fios soltos, joguei fora a melancolia, porque esta não merece fazer parte da memória. O gesto trouxe minha avó para a cena e eu me senti amada.