Pensando em voltar pra acupuntura, penso que exige tempo. Preciso de muito jogo de cintura para manter o compromisso, mesmo quando a agenda aperta. Isso eu tenho. Disciplina também. Mas, aí, acaba me cansando como qualquer outra obrigação. Deixa de ser apenas o meu querer.
Penso também nas agulhadas mais dolorosas. Tem dia que beira o insuportável e eu suporto, porque quero ficar boa e relaxada. Fico deitada e mentalizando: "Por favor, nos pé não." No instante seguinte, lá vai a médica com mãos hábeis espetar os meus pés.
Mas nem só de dores se faz uma sessão de acupuntura. Há dias de completo relaxamento. Se chego com dor nos ombros ou se falo de uma enxaqueca recente, saio de lá tão bem que parece mágica. Difícil é não ir direto pra cama. É bom e funciona.
Agora, resta confessar o que mais gosto. É tão prosaico que me acanha dizer. Gosto de ir à acupuntura pra depois passear pelo centro, região onde se localiza a clínica que frequento. Adoro aquele monte de gente, as cores, a pressa dos que passam sem me ver, adoro as lojas com bancas fartas que prometem ótimos preços e cuja qualidade fica a desejar. É como uma viagem, vejo coisas que não vejo no cotidiano, vejo os prédios restaurados, as árvores que cresceram, o restaurante que fechou e o outro que abriu. Gosto de olhar as bancas de revistas e, sobretudo, gosto das lojinhas de aviamentos. Nestas, olho as lãs, as agulhas, os fios coloridos, as tiras bordadas e fico imaginando as peças que eu poderia tecer.
É isso, gosto de imaginar uma criação mais bonita, mais aconchegante, mas útil aos meus dias. Tivesse eu essas agulhas, não precisaria das outras. Então eu descubro que o bom da acupuntura é a descoberta do prazer.