O homem falou com um preguiçoso e simpático sotaque de nordestino e com a sabedoria dos anos vividos. Segundo ele, nós, os estrangeiros que chegávamos à pequena comunidade, a enxergávamos melhor do que qualquer um deles.
– "Quem vê de fora, vê maior." – Disse Sr. Pedro.
A simplicidade da fala, do homem e do momento fez com que as palavras entrassem sem filtros e ecoassem para além daquela sala.
Nas minhas meditações, que também podem ser chamadas de devaneios, já vasculhei as diferenças entre olhar e entendimento. Vejo minhas mãos, mas meu olhar não capta a eloquência do gesto. Quando as estendo e as coloco diante do rosto, movimentando-as como quem procura sustentar um mundo de ideias, se paro para perceber, tudo muda. Ou sou espectadora ou a atriz em cena.
Vejo os meus pés, mas não percebo a trajetória. E se paro para olhar os passos dados, só o que vejo são pegadas, que são assim, como lembranças do vivido. Pegadas evocam o movimento de quem agora jaz paralisado; pegadas são registros que se apagam, não são pés nem passos. E que importância tem isso, se até mesmo os pés um dia passam? A trajetória só é plenamente conhecida por quem desvenda a história do início ao fim, exercício vedado a quem vive o momento.
Nas conversas alheias, nossos maiores conflitos são facilmente resolvidos. É próprio do humano enxergar caminhos onde quem sofre enxerga abismo. Quem vê de perto dificilmente tanspõe com tanta facilidade o desafio.
Mas, ajustando o foco e sob lentes microscópicas, constatamos a verdade inequívoca: quanto mais o homem se aprofunda nos mistérios, quanto mais de perto observa, mais distante fica do entendimento. A epiderme, as células, os átomos, a ligação do todo... A incerteza se amplia no aprofudamento.
Essa era a minha meditação e o meu pensamento. Então, um dia, Sr. Pedro vem com a sabedoria do simples revelar que ver de fora é ver maior. Talvez a vida não seja mesmo para ser vista por dentro e muito de perto. Talvez ater-nos às nossas mãos e pés seja limitar demais o olhar.
Distanciar-se do próprio umbigo, ampliar o olhar, ir lá fora, ver o outro, tudo isso é ver maior, é ampliar o conhecimento.
– "Quem vê de fora, vê maior." – Disse Sr. Pedro.
A simplicidade da fala, do homem e do momento fez com que as palavras entrassem sem filtros e ecoassem para além daquela sala.
Nas minhas meditações, que também podem ser chamadas de devaneios, já vasculhei as diferenças entre olhar e entendimento. Vejo minhas mãos, mas meu olhar não capta a eloquência do gesto. Quando as estendo e as coloco diante do rosto, movimentando-as como quem procura sustentar um mundo de ideias, se paro para perceber, tudo muda. Ou sou espectadora ou a atriz em cena.
Vejo os meus pés, mas não percebo a trajetória. E se paro para olhar os passos dados, só o que vejo são pegadas, que são assim, como lembranças do vivido. Pegadas evocam o movimento de quem agora jaz paralisado; pegadas são registros que se apagam, não são pés nem passos. E que importância tem isso, se até mesmo os pés um dia passam? A trajetória só é plenamente conhecida por quem desvenda a história do início ao fim, exercício vedado a quem vive o momento.
Nas conversas alheias, nossos maiores conflitos são facilmente resolvidos. É próprio do humano enxergar caminhos onde quem sofre enxerga abismo. Quem vê de perto dificilmente tanspõe com tanta facilidade o desafio.
Mas, ajustando o foco e sob lentes microscópicas, constatamos a verdade inequívoca: quanto mais o homem se aprofunda nos mistérios, quanto mais de perto observa, mais distante fica do entendimento. A epiderme, as células, os átomos, a ligação do todo... A incerteza se amplia no aprofudamento.
Essa era a minha meditação e o meu pensamento. Então, um dia, Sr. Pedro vem com a sabedoria do simples revelar que ver de fora é ver maior. Talvez a vida não seja mesmo para ser vista por dentro e muito de perto. Talvez ater-nos às nossas mãos e pés seja limitar demais o olhar.
Distanciar-se do próprio umbigo, ampliar o olhar, ir lá fora, ver o outro, tudo isso é ver maior, é ampliar o conhecimento.